Hoje abri a minha caixa de correio electrónico e tinha um novo e-mail. O e-mail continha a cópia de uma notícia publicada no Jornal Público (para quem quiser consultar carregue aqui) intitulada: "GAVE confirma alteração no método de classificação dos exames nacionais".
Como aluno do 11º ano fiquei curioso para saber qual fora a fantástica medida que tinha sido tomada desta vez. Os meus olhos percorreram as letras à minha frente enquanto o meu dedo ia puxando o ecrã cada vez mais para baixo a fim de ler toda a notícia.
Primeiramente não fiquei incomodado com o título nem com as primeiras palavras, já não estava à espera de uma coisa muito boa. No entanto, ao continuar a ler a notícia deparei-me com uma situação preocupante para o futuro dos alunos.
Resumindo a notícia, as antigas oito opções de verdadeiro ou falso presentes nos exames nacionais, passarão a ser apenas quatro. A pontuação que lhes será atribuída passara de dez para cinco pontos. Os critérios de correcção passarão a dar zero pontos a quem errar apenas uma alínea.
Sim, esta foi a parte em que os meus olhos quase saíram do globo ocular. Então ao errar uma alínea de verdadeiro ou falso a questão ser-me-à cotada com zero pontos? Que justiça, que beleza, que decisões extraordinárias... Não consigo encontrar mais adjectivos para descrever a enormidade desta decisão (entenda-se que todos os adjectivos são para ser lidos com sentido irónico).
Deste modo, os alunos vão ficar com sérios problemas. Conhecem a expressão: "Ou é para tirar 20 ou não é!". Definitivamente estamos perante um caso desses. Ou tiramos a nota mais alta, ou então podemos dizer adeus à nota que queríamos alcançar, pois ela escapa-nos por entre os dedos e cai no poço mais profundo da realidade. Nós para a tentarmos agarrar vamos atrás dela e também caímos. É assim que as coisas se vão passar de agora em diante. Um autentico clima de nervosismo, insegurança e insucesso.
As notas vão descer e os alunos vão começar a estar ainda mais desmotivados.
Deixem-me dar uma ajudinha ao ministério na sua recente demanda: porque não implantam o antigo critério de tirar pontos a quem erra a escolha múltipla em vez de contar como zero? (frase que deve ser entendida como um género de gozo).
De uma forma geral, é desta forma que os alunos saem prejudicados nas provas de exame nacional. Mesmo que o aluno domine totalmente a matéria e que, por um qualquer motivo do destino, erre uma alínea fica prejudicado em tantos pontos quantos os que valem a questão.
E a todos deixo cumprimentos e boa sorte para o verdadeiro ou falso dos exames porque vão precisar!
domingo, 25 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Ontem foi noticiada, na televisão, a morte de mais uma pessoa nas estradas portuguesas. A notícia, lamentavelmente, surgiu no rodapé, o lugar mais conspícuo possível do telejornal. Digo lamentavelmente porque pôr uma notícia destas em rodapé equivale a dizer que a morte de alguém por motivos tão estúpidos e recorrentes não é digna de nota.
Não culpo quem o fez, porém. A verdade é que noventa e nove por cento dos portugueses (e, quem sabe, estrangeiros também) estão tão habituados a que morram pessoas na estrada que isso já se tornou num axioma, e ninguém pensa que se trata de um problema que não basta diminuir, objectivo este que tem sido proclamado por todas as pessoas que alguma vez se dignaram a fazer alguma coisa sobre o assunto. É pena.
O slogan da conhecida campanha publicitária da Prevenção Rodoviária Portuguesa, "Mortes na estrada: vamos travar este drama", é, neste aspecto, bem ilustrativo daquilo que eu quero dizer. Pena que ninguém tome a palavra "travar" no seu verdadeiro sentido. O problema que temos em mão é de tal forma grave, que só estará verdadeiramente travado quando tiver deixado de existir.
Infelizmente, a prática obsta a que isto aconteça. "Travemos os nossos carros" não é uma atitude apelativa para quase ninguém - e, enquanto houver carros na estrada, haverá também mortes na estrada.
Dir-se-á, pois, que em tudo podem ocorrer acidentes. Não o nego! Apesar disso, não será preciso olhar muito longe para ver que, todos os dias, se fazem milhares sobre milhares de viagens de comboio, metro, eléctrico, de bicicleta, a pé, e por outros transportes que não o rodoviário. Todos esses meios estão sujeitos a acidentes, claro, mas... quantas vezes acontece isso? A resposta é, por muitas voltas que se dê à questão, muito menos. Não digo que, no total, não sejam também em número significativo, mas estão longe, bem longe, das proporções desproporcionadas que o caos rodoviário atingiu (e continua a atingir). Basta ver-se a frequência com que passam nas notícias acidentes rodoviários versus aquela com que aparecem acidentes de outros transportes quaisquer.
É completamente aberrante, não é? Pois é!
O cidadão comum apercebe-se disso? Não!
Mas devia!
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Bebés. Para muitos, "criações muito lindas". Para todos, criaturas com um fundo maléfico.
Eles são inteligentes, há que admiti-lo. Eles de facto, são queridos e o problema é que têm consciência disso. Sem grande esforço intelectual ou físico, um simples "hunhééé" é uma espécie de abrir portas que arranjaram. Numa situação normal, eu chegaria perto de um qualquer ser humano, e com delicadeza pediria o que quer que fosse de que precisasse em tal momento. Um bebé não. Ele não se mexe e limita-se a produzir toda uma gama de sons monossilábicos que não demoram muito a rebentar os tímpanos dos progenitores, e não só (o que se torna embaraçoso em espaços públicos. A não ser, óbvio, que o petiz seja "muito lindo"). Eles gritam, berram, esperneiam se o tiver de ser, mas sabem que todo aquele esforço (pronto, talvez não involva tanto esforço assim) lhes vale o que lhes satisfaz o gosto.
Toda esta situação é ridícula. Se eu (só por uma questão de referência, tenho 1,68m) me meter dentro de uma fralda, a berrar na sala porque tenho sede, o mais que me pode acontecer é ficar sem acesso ao telemóvel ou ser internada num estabelecimento apropriado ao meu possível problema mental. Se eu tivesse menos de meio metro, tal situação acabava com qualquer um dos meus ascendentes a trazer-me um biberon com àgua e a chegar todo carinhoso encher-me de miminhos.
Mesmo assim, os "miminhos" são humilhantes para quem os dá. Não temos de pensar muito para comprovar a veracidade desta constatação. Perante um ser humano ainda por acabar, os adultos ficam subjugados perante o poder maléfico do mesmo e fazem caretas, entoam cantigas com um valor instrutivo practicamente nulo*, falam na primeira pessoa do singular dizendo coisas que em qualquer outra circunstância seriam particularmente ridículas (imaginando um quarentão a agarrar uma bebé e dizer "Eu sou uma menina muito linda, não sou?". Puramente ridículo. Esta parte em específico da minha divagação sobre seres humanos com menos de um ano é baseada no Grande, ou seja, Ricardo Araújo Pereira.)
Ainda há, por fim, a mencionar que os bebés são feios. É plenamente impossível encontrar uma imagem de um ser humano com poucas semanas que seja bonito. Todos têm a cabeça grande, são vermelhos e têm uns olhos terríveis. Também é de relevo o tamanho ínfimo das mãos e pés. É todo um agrupamento de fealdade que impede tal criatura de ter um ar afável.
Concluo fazendo referência à insistência em que os pais têm em se referir à idade dos pequenos em meses. Porque não dizem "um ano" em vez de "doze meses"? E a mania de decorar o peso do bébé à nascença? Enfim. Pode ser que um dia eu entenda (e esperamos que sim).
* Lembram-se daquela música da primária com uma complexidade lírica imensa? Passo a citar: "à ona ona ê. ai mini mini mai, macarrona tuti fai. tuti fai ai ai. uni sep sep sep. uni ip ip ip. uni op op op. uni uni uni op." Há imensas variantes, sendo esta uma delas. Desde novos, somos logo bombardeados com demasiadas palavras que futuramente podem ser úteis numa conversação.
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Por motivos da minha integridade física e não só, friso aqui que tal divagação estúpida efectuada por mim, não pretende ofender ninguém e é normal que existam opiniões contrárias. (Escrevi este à parte não vá o diabo tecê-las.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Chegou o ano de 2009!
Muitas coisas boas aconteceram em 2008. Entre as quais, a criação da Ligação BOF, que tem mantido unidos os poderes do pensamento dos seus autores.
Os pensamentos deste ano foram bastantes, e houve coisas que deram que falar. Mas a verdade é que há mais, muito mais, para examinar, para escalpelizar, para dissecar e criticar, e é isso que esta ligação fará durante o ano de 2009.
Isto, claro, assumindo que em 2009 não haverá uma crise de ideias, ou coisa do género. Mas, de qualquer forma, isso só acontecerá quando estes três autores tiverem esgotado toda a potencial imaginação do universo conhecido e desconhecido, o que levará ao catastrófico Apocalipse da Ignorância, que, se tudo correr bem, ocorrerá no dia 17 de Outubro deste ano, exactamente trezentos e sessenta e cinco dias depois da fundação desta choupana remendada.
Que venham a paz, a saúde, a bondade, e a imaginação! Cá estaremos nós para as receber, como velhas amigas, e nos assegurarmos de que serão parte integral (o que faz muito bem à saúde) deste maravilhoso novo ano, que, para mais, é um número ímpar.
The Purple Teen Wizard.
1 de Janeiro de 2009