Bebés. Para muitos, "criações muito lindas". Para todos, criaturas com um fundo maléfico.
Eles são inteligentes, há que admiti-lo. Eles de facto, são queridos e o problema é que têm consciência disso. Sem grande esforço intelectual ou físico, um simples "hunhééé" é uma espécie de abrir portas que arranjaram. Numa situação normal, eu chegaria perto de um qualquer ser humano, e com delicadeza pediria o que quer que fosse de que precisasse em tal momento. Um bebé não. Ele não se mexe e limita-se a produzir toda uma gama de sons monossilábicos que não demoram muito a rebentar os tímpanos dos progenitores, e não só (o que se torna embaraçoso em espaços públicos. A não ser, óbvio, que o petiz seja "muito lindo"). Eles gritam, berram, esperneiam se o tiver de ser, mas sabem que todo aquele esforço (pronto, talvez não involva tanto esforço assim) lhes vale o que lhes satisfaz o gosto.
Toda esta situação é ridícula. Se eu (só por uma questão de referência, tenho 1,68m) me meter dentro de uma fralda, a berrar na sala porque tenho sede, o mais que me pode acontecer é ficar sem acesso ao telemóvel ou ser internada num estabelecimento apropriado ao meu possível problema mental. Se eu tivesse menos de meio metro, tal situação acabava com qualquer um dos meus ascendentes a trazer-me um biberon com àgua e a chegar todo carinhoso encher-me de miminhos.
Mesmo assim, os "miminhos" são humilhantes para quem os dá. Não temos de pensar muito para comprovar a veracidade desta constatação. Perante um ser humano ainda por acabar, os adultos ficam subjugados perante o poder maléfico do mesmo e fazem caretas, entoam cantigas com um valor instrutivo practicamente nulo*, falam na primeira pessoa do singular dizendo coisas que em qualquer outra circunstância seriam particularmente ridículas (imaginando um quarentão a agarrar uma bebé e dizer "Eu sou uma menina muito linda, não sou?". Puramente ridículo. Esta parte em específico da minha divagação sobre seres humanos com menos de um ano é baseada no Grande, ou seja, Ricardo Araújo Pereira.)
Ainda há, por fim, a mencionar que os bebés são feios. É plenamente impossível encontrar uma imagem de um ser humano com poucas semanas que seja bonito. Todos têm a cabeça grande, são vermelhos e têm uns olhos terríveis. Também é de relevo o tamanho ínfimo das mãos e pés. É todo um agrupamento de fealdade que impede tal criatura de ter um ar afável.
Concluo fazendo referência à insistência em que os pais têm em se referir à idade dos pequenos em meses. Porque não dizem "um ano" em vez de "doze meses"? E a mania de decorar o peso do bébé à nascença? Enfim. Pode ser que um dia eu entenda (e esperamos que sim).
* Lembram-se daquela música da primária com uma complexidade lírica imensa? Passo a citar: "à ona ona ê. ai mini mini mai, macarrona tuti fai. tuti fai ai ai. uni sep sep sep. uni ip ip ip. uni op op op. uni uni uni op." Há imensas variantes, sendo esta uma delas. Desde novos, somos logo bombardeados com demasiadas palavras que futuramente podem ser úteis numa conversação.
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Por motivos da minha integridade física e não só, friso aqui que tal divagação estúpida efectuada por mim, não pretende ofender ninguém e é normal que existam opiniões contrárias. (Escrevi este à parte não vá o diabo tecê-las.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
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