Ontem foi noticiada, na televisão, a morte de mais uma pessoa nas estradas portuguesas. A notícia, lamentavelmente, surgiu no rodapé, o lugar mais conspícuo possível do telejornal. Digo lamentavelmente porque pôr uma notícia destas em rodapé equivale a dizer que a morte de alguém por motivos tão estúpidos e recorrentes não é digna de nota.
Não culpo quem o fez, porém. A verdade é que noventa e nove por cento dos portugueses (e, quem sabe, estrangeiros também) estão tão habituados a que morram pessoas na estrada que isso já se tornou num axioma, e ninguém pensa que se trata de um problema que não basta diminuir, objectivo este que tem sido proclamado por todas as pessoas que alguma vez se dignaram a fazer alguma coisa sobre o assunto. É pena.
O slogan da conhecida campanha publicitária da Prevenção Rodoviária Portuguesa, "Mortes na estrada: vamos travar este drama", é, neste aspecto, bem ilustrativo daquilo que eu quero dizer. Pena que ninguém tome a palavra "travar" no seu verdadeiro sentido. O problema que temos em mão é de tal forma grave, que só estará verdadeiramente travado quando tiver deixado de existir.
Infelizmente, a prática obsta a que isto aconteça. "Travemos os nossos carros" não é uma atitude apelativa para quase ninguém - e, enquanto houver carros na estrada, haverá também mortes na estrada.
Dir-se-á, pois, que em tudo podem ocorrer acidentes. Não o nego! Apesar disso, não será preciso olhar muito longe para ver que, todos os dias, se fazem milhares sobre milhares de viagens de comboio, metro, eléctrico, de bicicleta, a pé, e por outros transportes que não o rodoviário. Todos esses meios estão sujeitos a acidentes, claro, mas... quantas vezes acontece isso? A resposta é, por muitas voltas que se dê à questão, muito menos. Não digo que, no total, não sejam também em número significativo, mas estão longe, bem longe, das proporções desproporcionadas que o caos rodoviário atingiu (e continua a atingir). Basta ver-se a frequência com que passam nas notícias acidentes rodoviários versus aquela com que aparecem acidentes de outros transportes quaisquer.
É completamente aberrante, não é? Pois é!
O cidadão comum apercebe-se disso? Não!
Mas devia!
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
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2 aforismos:
Apoiadíssimo!
Morrer num acidente, é a morte mais estúpida possível, mesmo!
Ninguém merece tal coisa.
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Tao bem escrito! WoooooooooW!
E hoje morreu mais uma criança de oito anos num acidente rodoviário...
Acho inacreditável!
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