AE

domingo, 23 de novembro de 2008

 

Centenas e centenas de papeis impressos por uma luta desigual onde ganha a constituição da lista e não as suas propostas. Matam-se, esfolam-se e aleijam-se. É ridícula a maneira como cartazes e autocolantes são arrancados na esperança de iludir o eleitor. Meus caros, como eleitora digo-vos: o meu voto não foi alterado por a minha lista estar com um desfalque de trezentos cartazes arrancados e noventa autocolantes no lixo. Mas enfim, os selvagens (ou estudantes, como são chamados mais vulgarmente) reduzem-se aos seus actos mais primórdios da existência sapiencial e com raiva a transparecer pelos poros da pele, rasgam, riscam e pisam papeis.
São as semanas mais estúpidas de cada ano lectivo. São prometidos mundos e fundos e pouco acaba por realmente ser feito. Muitos estabelecimentos de ensino, apenas cingidos a uma lista, insistem em fazer campanha e gastar dinheiro em propaganda inútil que de uma maneira ou outra faz escassear o oxigénio. As paredes são forradas, as pessoas chateadas até ao desespero que nos leva a gritar "sim! eu voto na tua lista mas por amor de Deus deixa de falar da festa de final de ano e na semana em Lloret del mar" e os auxiliares de ensino descansam refastelados na cadeira que lhes pertence com direito a aquecedor de pés por saber que toda aquela papelada terá de ser limpa pela Lista vencedora.
O mais interessante deste acontecimento é de facto o contar de relações que acaba por acontecer. Ou até mesmo as festas em que pessoas (sim, a palavra foi retirada depois de horas e horas de atenção despropositada a um texto que mais não é que pura idiotice) se despem a troco de alguns votos que nem para a vitória chegam. Festas pagas em vão e o orgulho destruído por uma causa perdida.
Qual será o dia em que, desde pequenos, seremos ensinados a jogar limpo e a argumentar em vez de rasgar?